sexta-feira, 9 de junho de 2017

Cattarse - Black Water [Resenha]

O cenário do rock no Brasil sempre foi um grande acervo de ótimas bandas, sejam as cantadas em português ou inglês, ou as de Heavy Metal ou Rock N’ Roll. 2016 foi um bom anos para as bandas brasileiras de todos os gêneros, mas venho querendo trazer a atenção de muita gente para o novíssimo e ótimo disco da banda Cattarse.



Após seu bom debut, o auto intitulado “Cattarse”, a banda vem ganhando espaço no underground da música pesada, sua estreia é marcada por um Stoner Rock básico, bem simplista e com letras cantadas em português. Mas a evolução do self-titled para “Black Water” é impressionante. Começando pela transição de letras cantadas em português, para inglês, e a notável bela interpretação de Igor van der Laan, guitarrista e vocalista do trio. O instrumental também sofreu uma transformação. O amadurecimento musical é perceptível logo nas 2 primeiras faixas deste registro, que abre com a impactante “Walking On Glass”, uma faixa perfeita para começar um álbum, mostrando a potência que adquiriram, com Igor entregando sua voz de forma que fará com que qualquer ouvinte se interesse em saber, que banda está tocando essa música. Mas o alto nível se mantém com a estranha e esquizofrênica “Mr. Grimm” conta com uma introdução de primeira, onde o baixo de Yuri van der Laan, cheio de groove mostra que não é só das 6 cordas que o disco é feito, no entanto, claramente a guitarra também se mostra tão eficiente quanto, e a faixa é cantada de forma alucinante, como se alguém que acabou de sair de um hospício estivesse conversando com o ouvinte.

Como o disco tem uma duração curta para os padrões de hoje (37:15), rapidamente ouve-se a primeira balada do registro. Uma balada nada otimista chamada “You Blew My Mind”, que se assemelha com a atmosfera sombria das faixas anteriores, e que é a antecessora de uma das faixas mais extraordinárias desse lançamento. “Turn to Stone” já ganha qualquer amante de Rock n’ Roll com sua introdução bluesy, mas não é uma canção de Blues. Usando a fórmula que muitas bandas de Alternative Rock usam, com seus versos calmos e refrões potentes, “Turn To Stone” te deixará sem fôlego. Após o primeiro refrão têm-se toques de Reggae, algo que casou completamente com a proposta da música e que fluiu muito bem. Como já era de se esperar, “Fire In the Hole” é a canção mais Black Sabbath do disco. Começando com belas, insanas e precisas viradas na bateria de Diogo Stolfo, que brilha no decorrer da faixa e do disco. Quem gosta daquele Stoner Rock pesado, daquele Black Sabbath do Master Of Reality com certeza irá amar esse som!

Até aqui há um buraco que não foi preenchido, que é o do "hit single", porém, ela se encontra na penúltima música, a viciante faixa título é o carro chefe desse petardo, com destaques em todos os aspectos possíveis. Coloque ela para tocar em seu grupo de amigos, e dificilmente alguém se desagradará. 
De forma bastante artística, o trio brasileiro fecha seu trabalho. “Ashes” é a afirmação de que a banda veio para ficar. A canção é um conto com o melhor estilo velho oeste. Sua breve (e linda) história é sobre o mocinho que quer salvar o amor de sua vida de bandidos que irão queima-la viva numa praça caso o herói não entregue o ouro que eles querem. Seu refrão é cantado de forma triste e serena:

“Solte suas lágrimas
Onde estão os seus medos?
Ninguém quer ouvir
Ninguém quer ver”

Mesmo com uma bela composição, talvez o assobio no meio de “Ashes” deva ser o que mais emociona, música simples feita de forma sincera. Isso é o que chamo de arte.

Black Water é um disco que atualiza de forma otimista alguns clichês do Rock, pegando referências daqui e dali com bastante competência e responsabilidade, o registro tem seus clichês sabáticos. Mas feito com competência, com o intuito de se destacar entre várias e várias bandas por aí. Com o som base marcado pelo Stoner Rock. A banda aproveita alguns curtos e significantes momentos, que os diferenciam de outros grupos por aí. Trazer sons country, reggae, blues para dentro do seu caldeirão sonoro é uma ótima forma de se manter interessante. Com este feito, o Cattarse conseguiu gravar um dos melhores álbuns nacionais de 2016.


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