segunda-feira, 3 de julho de 2017

Cruzadas - Discografia

Cruzadas é uma velha conhecida dos metaleiros brasileiros, um som tão épico sendo cantado na sua língua mãe. Com um instrumental que mistura seu epic heavy a elementos de outros estilos, e sua gravação totalmente independente a banda liderada por Daniel Walançuella chama atenção pela qualidade única.


O início do império se deu com o EP "Guardiões do Apocalipse" de 2005, que se compõe de 9 canções épicas, bem feitas e bem produzidas, músicas rápidas e com letras bem produzidas e bem fortes. A primeira faixa do disco, "Tróia" se trata de uma introdução instrumental com peso e construção concisa. A faixa seguinte, "Despertar", contém um refrão muito grudento e um instrumental bem rápido e pegajoso. Sem contar a voz de Daniel, que possui uma reverberação única. As músicas "Templo da Escuridão" e "Em Ruínas" seguem o mesmo principio, bases cavalgadas e furiosas, linhas de bateria seguindo o Thrash Metal,  letras históricas e um vocal potente! Logo em seguida, vemos duas músicas clássicas dá banda! A música que leva o nome do disco, e a faixa "Império dos Deuses", com sua produção totalmente independente, conseguimos ouvir todos os os instrumentos que se combinam perfeitamente criando uma atmosfera totalmente medieval e empolgante. Eis que as faixas seguintes são minhas favoritas,  "Guerreiros" vem com sua força impetuosa, letra profunda, arranjo rápido e suscinto, além de um bateria muito bem colocada que nos transporta a uma cena de guerra totalmente medieval, onde guerreiros que bradam sua pátria morrem por seus ideais. "Em Nome do Pai" e "Cruz no Peito, Espada na Mão" seguem suas ideias medievais e épicas onde Cruzados lutavam e morriam por sua fé. Um CD bem feito e conciso, que criou a ambientação perfeita para que o Epic Heavy Metal da banda fosse fosse aclamado por qualquer fã de metal e idealizador do underground. 


Em 2010, foi-nos apresentado o ótimo Idade das Trevas, disco totalmente baseado na era das cruzadas (ah vá), com letras históricas e bem escritas. O disco se inicia com uma introdução bem clássica de temáticas épicas, combinando assim com todo o disco. A faixa "Esparta" é direta, com uma base rápida acompanhada por uma bateria também rápida e que chama atenção por sua simplicidade e peso. "A Espada Derrete Em Chamas" foi a faixa que mais me prendeu neste álbum, com peso, qualidade, velocidade, agressividade, e uma produção independentemente mas muito bem feita. A construção dessa faixa foi o que mais me chamou atenção, as variações da base no meio da música, geralmente quando a banda faz isso e reduz drasticamente o ritmo da música, o som se corta e a música fica meio sem nexo, mas isso não ocorre aqui, esse corte rítmico serve de atenuante para qualidade dá música, visto que o mesmo ocorre para a recepção do solo, uma grande jogada! As faixas "Honra & Glória" e "As Mil e Uma Noite" são faixas que apostam em passagens mais fraseadas, e vocais mais modulados, músicas muito boas e bem posicionadas no disco. 

"Sombras do Castelo" é uma faixa mais calma, com guitarras mais trabalhadas, utilizando alguns recursos pouco usados, e novamente ouvimos uma bateria de pedal 'estuprante', e um baixo bem tímido mas presente. Uma faixa um pouco parecida é "Cemitério dos Ossos", seguindo o estilo de vocais modulados, e Backing Vocals, a música se molda muito bem a qualidade do disco. Para fechar o disco, duas das minhas faixas favoritas. Começando por "Idade das Trevas", ouvimos uma música rápida, liricamente rica, com pequenas passagens dotadas de qualidade e bom uso de Breakdowns rítmicos, com um refrão que gruda, e um solo muito simples e que se encaixou perfeitamente a música, uma faixa excepcional está. E a última música do disco foi uma surpresa para mim, aja visto que todas as músicas dá banda são rápidas e brutas, quem diria que "Terras dos Faraós" seria uma faixa totalmente ausente de bateria e guitarras pesadíssimas, apenas um dedilhado calmo e uma ambientação muito boa, sem mencionar que a voz de Daniel se encaixou muito bem a música. Por inteiro, o disco "Idade das Trevas" é um disco muito bom!

Em 2014 a banda nos da um EP chamado Arena da Morte, que possuia 4 músicas que seriam do vindouro novo disco. Ambas mostravam que a temática dá banda seria a mesma, mas as letras agora iriam além de guerras santas, e abordariam agora temas como gladiadores, Roma, Vikings, Mitologias e afins. Essas músicas também serviram para mostrar que a qualidade de produção da banda melhorou muito. 


Por fim, após 3 anos (2014-2017) de espera, o 3° álbum dá banda é lançado, com o título "Com Sangue se Escreve a História", o disco já é aberto pela pancada chamada "Aníbal", explosiva, rápida, e visceral, com um baixo mais audível, uma bateria mais trabalhada, é uma guitarra rápida e direta, além de um vocal mais polido e audível que dos discos anteriores. "Arena da Morte" (música que pertenceu ao EP de 2014), é uma faixa viciante é muito fácil de ser cantada, com guitarras trabalhadas, bateria contínua, que possui um solo mais técnico, bem trabalhado, e dona de um refrão impecável. Uma música que retrata a história, que muitos conhecemos, de pessoas que eram levados para morrer nas arenas de Roma. A próxima música é "Triunvirato", que aposta em bases mais cavalgadas, letras totalmente históricas, um solo bem simples, e um baixo bem presente e notável, com passagens muito boas e técnicas. A faixa "Gladiador" (música que pertenceu ao EP de 2014), segue o mesmo princípio de "Arena dá Morte", bases rápidas, letra de fácil assimilação, bateria rápida, e novamente uma história bem conhecida, essa se tratando de Maximus, general Romano que vira gladiador (sim, aquela história do filme). "Coração Valente" é uma das minhas faixas preferidas do disco, rápida, concisa, obstinada, e acima de tudo, empolgante. Seguindo a antiga fórmula do Epic Heavy Metal, com guitarras contínuas e rápidas, bateria rítmica, um baixo que sirva de sustentação para a bateria e mesmo assim seja presente, e um refrão que gruda de uma forma esplêndida. 


Em "Vikings", (música que pertenceu ao EP de 2014), ouvimos um som mais 'cadenciado', com suavidade e precisão mais presente, e uma letra épica e digna de ser cantada em Valhalla! Em sequência, temos "Era dos Titãs", (música que pertenceu ao EP de 2014), uma música com bases mais clássicas, uma bateria simples e novamente um baixo bem característico e preciso, o que chama atenção é pela atuação de Daniel nos vocais, a música não possui uma grande modulação, mas mesmo assim o mesmo da vida as palavras cantadas, nos colocando dentro da atmosfera que estamos ouvindo, simplesmente muito bom! "Mare Nostrum" é a faixa instrumental do álbum que torna nossa viagem medieval mais calma e suave, mas que como uma maré calma, se vai em meros 2 minutos. Como havia dito lá encima, sobre 'Coracao Valente', possuo várias músicas que gosto, e nesse caso, a faixa bônus foi quem me ganhou. Quem conhece o projeto "Brothers of the Sword" obviamente conhece a faixa "Espada Selvagem", pois é este petardo que põe fim ao álbum lançado neste ano. Uma música simples, com participação de Fábio "Grey Wolf" Paulinelli, cadenciada, direta, e com uma letra poderosa! Esse disco lançando recentemente (Janeiro/2017) possui um peso e personalidade tremendo, elevando assim, mais ainda a qualidade da banda!

Concluímos assim que bandas nacionais lançam discos muito bons, porém se mantém no underground devido a preconceitos que muitos de nós, fãs de metal, criamos. As vezes por causa do estilo, das opiniões políticas/religiosas/ideológicas dos integrantes, e até mesmo como esses se vestem, causa essa desunião e desconhecimento do mundo do Metal brasileiro. Precisamos quebrar essas correntes que nos prendem ao mundo estrangeiro, e devemos começar a valorizar o que temos de bom em nosso país.

Redigido por: Yurian Paiva


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