sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Gangrena Gasosa - Gente Ruim Só Manda Lembrança Pra Quem Não Presta (2018)

O ano começa com inúmeras promessas de bons lançamentos no mundo todo e aqui no Brasil não é diferente. Definitivamente nesse caso estamos longe de promessas já que a veterana Gangrena Gasosa é uma baita e fodida realidade com o "Gente Ruim Só Manda Lembrança Pra Quem Não Presta", o novo disco de estúdio da banda. O disco saiu através de um bem sucedido financiamento coletivo que premiou os financiadores com CDs, LPs, crânios espetaculares feitos pelo ex-vocal da banda e até a oportunidade única de cantar no disco!!




Com seu lançamento oficial realizado no primeiro dia de janeiro, os fãs foram bombardeados pelo tradicional show de brutalidade e irreverência da banda. Contando com uma produção de padrões gringos, a banda se trancou no Dissenso Studio em São Paulo sob a produção de Iuri Freiberger e coprodução de Angelo Arede (Zé Pelintra) e da própria banda. O disco foi gravado ao vivo e  conta com onze faixas, algumas já conhecidas pelo público dos shows, como “Carnossauro Diet”, “Encosto” e “Terno do Zé”. Esta última também foi a trilha sonora do curta metragem homônimo dirigido por Fabiano Soares. As letras seguem o estilo bem-humorado e nada convencional da Gangrena Gasosa, apresentando temas polêmicos como a intolerância religiosa e aqueles temas cotidianos deliciosos que só eles sabem contar de uma maneira divertida e peculiarmente brutal.
Contando atualmente com a formação mais estável e duradoura de sua história, a banda produziu as músicas imprimindo sua própria identidade e estilo. Todos os arranjos foram compostos e executados com ecletismo e peso que vão agradar os fãs mais antigos, os mais novos e com certeza angariar novos ouvintes. “Gente Ruim Só Manda Lembrança Pra Quem Não Presta” marca também a estreia do novo vocalista Eder Santana (Omulu) que foi selecionado entre dezenas de candidatos após campanha para escolha do novo Omulu promovida nas redes sociais e apelidada pelos fãs como "The Voice Gangrena".

O disco abre com a sinistra intro  "Ponto de Abertura", perfeita pra preparar para o clima de destruição que está por vir com a destruidora "Gente Ruim". Logo nos primeiros segundos da música nota-se o cuidado com a produção do disco pra deixar tudo muito bem equalizado, a percussão tá bem na cara, nunca antes a banda teve tanto cuidado em deixar o grande diferencial de seu instrumental dessa forma, grande mérito da produção e de Gê, que botou pra foder no disco.  A pegada dessa música é algo sensacional, mudanças de andamentos muito bem sacados e um riff devastador! Essa foi uma das músicas que a banda andou mostrando nos shows antes do lançamento e caiu de imediato na graça dos fãs. Com um climão foda no começo que até faz lembrar a clássica Bloodline Chupacabra do Smells Like A Tenda Spiríta de 2000.
"Terno do Zé" começa cadenciada e com um trampo intrincado por parte da cozinha da banda até descambar pra riff's velozes com direito a um som de triangulo muito bem encaixado na música. Aqui, mais uma vez nota-se mudanças de tempo bem pensadas e um trampo de percussão monstruoso que promete dar um trabalho do cacete pra ser executado ao vivo. A música foi originalmente composta para a trilha sonora do curta metragem homônimo dirigido por Fabiano Soares. (clipe abaixo)



"Encosto" é certamente uma das mais brutais do disco! Ao longo de seus pouco mais de 2 minutos o ouvinte é bombardeado por riffs pesados e vocais muito bem distribuídos entre o Angelo e o Eder! Certamente essa música vai ser um dos grandes destaques nos shows! Sua letra é sensacional e seu refrão simples vai se tornar hino fácil entre os fãs, vide sua execução no show do Sesc Belenzinho em São Paulo no ano passado. "Carnossauro Diet" é outra já conhecida dos frequentadores dos shows da banda e certamente a música que vai causar polêmica na galerinha do mimimi. "Mas não troco meu churrasco, Por um monte de alface" é entoada a plenos pulmões pela galera que defende com unhas, e principalmente dentes, o direito de comer carnea boa e velha carne vermelha!!! A faixa segue o tom veloz e bem trampado do disco, sempre com riff's precisos, um trampo fantástico da percussão e uma cozinha bem coesa. "Farda Preta de Caveira" é uma homenagem muito legal aos headbangers que seguram o underground respirando e ativo. Musicalmente a música traz um tempo diferente das demais, ajudando a deixar o disco mais variado e interessante. O refrão é simples e bem legal e é mais uma que certamente deverá ser bem recepcionada nos shows.
"Trabalho Pra 20 Comer" continua mostrando essa faceta mais técnica das novas composições e traz consigo mais uma letra sensacional que fala de um guerreiro que fez aquele "trabalho" mas a mina tinha um pequeno empecilho na hora H, impagável! Mais uma vez tratando de temas mais cotidianos, "Zé Droguinha" é bem auto sugestiva e conta de uma maneira muito engraçada de um problema bem crônico da sociedade. O instrumental é impecável e o solo do Exú Caveira funciona como um chute na cara, curto e grosso! Uma pequena ressalva apenas pro refrão que soa meio cansativo, mas com certeza ao vivo vai soar bem mais interessante.


Como já citado anteriormente, a banda tem um dom muito especial de tratar o cotidiano de uma maneira bem humorada, mas sem jamais deixar de passar a sua mensagem. "Fiscal de Cu" não é somente a melhor faixa do disco mas tem também a letra mais interessante do álbum. Numa época aonde o mimimi impera e as pessoas estão muito mais preocupadas em tomar conta da vida dos outros, a brutalidade da faixa e sua letra bem sacada é uma porrada na cara dessa galerinha. "Os cães atacam a mando do bispo, Se não for crente é do mal, Tudo isso é medo do risco, De curtir o rebelisco anal". Que cada um cuide mais de sua vida PORRA!!!

Quem nunca ficou tentado com a oportunidade de ganhar aquela graninha no jogo do bicho vendo aquele vizinho ou amigo de trabalho (aqui tem vários) que vira-e-mexe aparece com aquela graninha? "Jogo do Bicho" mostra de uma maneira bem brutal que as coisas não são tão assim e ainda deixa no finalzinho uma mensagem pros "fãs" de um político famosão. rsrs
"O Saci", como o nome sugere, fala de uns dos personagens mais icônicos do folclore brasileiro; musicalmente mostra importantes alternâncias em sua sonoridade com passagens de extrema pancadaria disputando espaço com partes mais cadenciadas e bem trampadas! Os vocais do Omulu estreante 'Eder Santana' são um grande destaque nesta faixa, com versatilidade e guturais potentes! Que a vida do músico ao lado da banda seja a mais longeva possível porque a escolha foi acertadíssima. A ignorante "Darkside" chega para colocar fim ao disco e quebrar os últimos pescoços intactos (se é que ainda sobrou algum), é pouco mais de 1 minutinho com a mais plena e certeira violência característica da Gangrena Gasosa e fecha o disco com feitas vermelhas!!!! 

O ano começou com lançamentos excelentes em todos os lugares do mundo, e já no primeiro dia de 2018 o Gangrena Gasosa chegou com o esperadíssimo "Gente Ruim Só Manda Lembrança Pra Quem Não Presta". Não é o melhor e nem o pior disco da banda, mas certamente chega pra elevar o nome dos caras à um patamar maior ainda e já se credencia à ser um dos melhores discos de 2018!! Nos resta ficar atentos à página dos caras sobre os shows que já começam a pipocar pelo Brasil e torcer para que o próximo disco não demore tanto tempo!

Você pode comprar o CD neste link ou ouvi-lo nas mais diversas plataformas de streaming: VALORIZE AS BANDAS AUTORAIS!
Spotify: http://bit.ly/GR-Spot
iTunes: http://apple.co/2CsbOGp
Google Play: http://bit.ly/GR-GP
Deezer: http://bit.ly/GR-Deezer

Zé Pelintra  (Angelo Arede) - Vocal
Omulu (Eder Santana) - Vocal
Exu Mirim (Renzo Borges) - Bateria
Exú Caveira (Minoru Murakami) - Guitarra
Pomba Gira (Ge Vasconcelos) - Percussão
Tranca Rua (Diego Padilha) - Baixo

1 – Ponto de Abertura
2 – Gente Ruim
3 – Terno do Zé
4 - Encosto
5 – Carnossauro Diet
  6– O Saci
7 – Fiscal de Cu
8 – Farda Preta de Caveira
  9– Jogo do Bicho
10 – Se Liga Doidão (Zé Droguinha)
11 – Trabalho Pra 20 Comer
12 – Darkside

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