terça-feira, 6 de março de 2018

Primator - Involution (2015)

No mundo todo estão surgindo novos nomes que levam adiante a chama do verdadeiro Heavy Metal Tradicional oitentista. Essa renovação provavelmente é  a que recebe mais resistência dos headbangers. Em meio a isso, nomes como  Enforcer, Masters Of Disguise e Ram, por exemplo, seguem sua rotina de banda em meio a shows, bons discos e as críticas que vem de alguns conservadores “defensores das bandas clássicas” e elogios de tantos outros apreciadores do estilo. No Brasil temos mais um bom nome que ajuda a carregar e manter a chama do Metal Tradicional acesa, os paulistas do Primator lançaram em 2015 o ótimo “Involution”, apenas seu primeiro disco de estúdio mas que já mostra uma maturidade absurda em suas composições. A música dos caras não é complexa, mas a maneira de que tudo é encaixado causa um efeito muito positivo. As estruturas das músicas são muito bem construídas e cativantes. Outra coisa digna de nota é a produção do disco que consegue deixar tudo soando na cara, audível e com bastante peso, méritos do produtor Diego Sá e do "Estúdio GR" em São Paulo.


A abertura com a faixa que carrega o nome da banda é o cartão de visitas do play, ao longo da boa faixa será possível perceber muito bem todas as influências da banda, mas sem soar uma cópia. Uma coisa que será lido nessa resenha com bastante frequência também é sobre os vocais assustadoramente impressionantes de Rodrigo, eu já vi ao vivo e posso confirmar, o cidadão é uma máquina!!! Agressivo quando necessário e muito versátil, seus agudos impressionam. “Deadland” abre com um ótimo riff, seu clima soturno e totalmente sabbathico é um belo convite pra bater cabeça, com um início cadenciado, cozinha marcada e bem trampada e guitarras muito bem compostas, a faixa é um dos destaques do play, Rodrigo mais uma vez impressiona com passagens agressivas duelando com agudos altíssimos, mas que não são exagerados. O solo é outro show a parte, segue o ritmo soturno da faixa sem deixar a peteca cair. O grande mérito dos caras é conseguir demonstrar suas influências e ainda sim esbanjar identidade. “Flames Of Hades” é outra carregada de boas influências e mostra que o Primator veio pra ficar e tem mais ainda a evoluir em seu segundo disco que já está em processo.
O baterista Alexandre Oliveira prima pela simplicidade ao espancar seu kit mas a forma pesada com o que o músico faz é sempre muito competente e contagiante, embora eu não toque mais nada hauaha, a bateria é a primeira coisa que me chama a atenção em um disco e o trampo aqui é ótimo, tudo isso acompanhado de solos com um felling absurdo. “Caroline” traz o endemoniado Rodrigo abusando de bastante agressividade e versatilidade nos vocais. As guitarras trazem uma cadência muito legal e riffs variados e bem construídos, o baixo embora um pouco 'sumido', traz uma sustentação bem legal ao belíssimo solo da faixa e um dos melhores do disco. “Black Tormentor” segue a linha das demais e tem um instrumental também muito competente, Rodrigo traz um pouquinho de Bruce Dickinson nos vocais, só que com mais vontade e agressividade. Em meio ao solo, temos pela primeira vez o baixo em destaque com linhas precisas e bem na cara por parte de André dos Anjos; (aproveito pra deixar cornetado pro segundo disco) as linhas de baixo são excelentes, mas as senti ela meio "escondida" na mixagem. Vale salientar também o refrão simples e grudento!


“Let Me Live Again” chega pra dar um respiro ao disco, uma semi balada das mais bem caprichadas. Baixo pulsante, guitarras inspiradas por parte de Márcio e Diego e uma interpretação caprichada e acima da média por parte de Rodrigo, conseguem fazer desta, uma das grandes músicas do disco. Confesso que geralmente pulo as baladas no disco, mas esse é extremamente agradável e grudenta!! O clima introspectivo é quebrado sem prévio aviso com a arrasa quarteirão “Face The Death”. Aqui, o baterista Alexandre mostra toda sua técnica usando e abusando de pedal duplo e de boas viradas. O riff que conduz a música é simples, certeiro e vibrante! Rodrigo alterna entre agudos potentes e passagens mais agressivas dando um toque especial a faixa. O solo dessa música é certamente o melhor do disco, não só pelo solo em si mas pela ambientação do momento, com um belo riff de fundo, um baixo potente e a bateria agressiva já citada acima. Não poderá faltar nos shows da banda!!! 
“Erase The Rainbow” tem um começo lindo, um belo dedilhado e vocais emotivos, lembra um pouco até a época em que o Iron Maiden ainda lançava bons discos. O clima calmo é quebrado abruptamente por um ótimo riff. A música parece de sido tirada diretamente dos anos 80 e tem tudo para obter grande destaque entre os fãs da banda e de Heavy Metal em geral.

Uma introdução de baixo, ótimos riffs e uma fritada na guitarra iniciam mais um bom destaque do disco, a faixa "Praying For Nothing". Com riffs curtos, uma estrutura bem construídos e um interessante solo de bateria na metade final da música, temos mais um bom momento para o competente baterista Alexandre Oliveira mostrar sua técnica.
A faixa mais trampada do disco ficou para o fechamento e carrega o título da obra. “Involution” traz uma mensagem real e bem pessimista em sua letra sobre a “involução” ao qual a humanidade vem sofrendo em grau avançado, em termos de guerras e crueldades. Instrumentalmente falando, essa música é uma mistura de Sabbath fase Dio com o finado Iron Maiden da boa fase, mas sem perder a identidade própria da banda. Vale destacar também a bela capa de “Involution” que de alguma forma é inspirado na "A Origem das Espécies" de Darwin em sua temática. O desenho é de autoria do próprio vocalista da banda Rodrigo Sinopoli. 
Esperam que leiam e principalmente, que prestigiem o trabalho desses caras que é realmente muito bom, o Brasil está longe de ser um país com apenas duas bandas, mas depende de você abrir olhos e ouvidos pro monte de coisa boa que nossa cena underground oferece.

Entre em contato com o Primator



Rodrigo Sinopoli - Vocal
Márcio Dassié - Guitarra
Diego Lima - Guitarra
André dos Anjos - Baixo
Alexandre Oliveira - Bateria


1 Primator
2 Deadland
3 Flames of Hades
4 Caroline
5 Black Tormentor
6 Let Me Live Again
7 Face the Death
8 Erase the Rainbow
9 Praying for Nothing
10 Involution

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