segunda-feira, 26 de março de 2018

Rhapsody (atual Rhapsody of Fire) - Legendary Tales (1997)

Em 1997, a banda italiana Rhapsody (atualmente se chama Rhapsody Of Fire por problemas de propriedade comercial do nome) lançou o seu "debut" álbum, Legendary Tales. O álbum representou uma referência, por seu estilo pioneiro, o próprio Luca Turilli, um dos fundadores da banda, afirma que tem claras influências de Manowar e Malmsteen, mas na realidade o Rhapsody nasceu com personalidade própria, dando uma bela oxigenada em um Power Metal entrando em seu crepusculo. A banda mescla potência e velocidade características do Power Metal com baladas medievais e solos virtuosos. A lírica do álbum é a primeira parte da "Emerald Sword Saga", história idealizada por Turilli bem ao estilo Dungeons and Dragons, de forte influência Tolkeniana, com guerreiros, demônios, magos, artefatos mágicos e dragões que foi dividida nos primeiros cinco albuns da banda. O personagem principal é o Guerreiro do Gelo, que é apresentado na segunda faixa do álbum "Warrior of Ice" e o enredo é centrado na busca da Espada Esmeralda, arma que será utilizada para derrotar Akron, o Senhor Escuro, ser demôniaco e vilão da Saga.



O álbum com dez faixas, inicia com a intro "Ira Tenax", que pra quem ouve o CD pela primeira vez não dá nenhuma pista do que vem por aí, cantada em latim, ela passa na primeira audição de algo denso, pesado, o coral silábico reforçou essa sensação. É uma introdução claramente sinestésica, tem a intenção clara de te transportar para um mundo épico. Na sequência vem a "Warrior of Ice" e ela começa nas primeiras linhas com um "prazer, sou Fabio Lione e canto pra caralho" onde ele mostra suas credenciais com o seu vocal potente, emotivo e afinado, reforçando o sentimento épico que esse CD vai ter, a parte instrumental não fica para trás e as linhas de teclado de Alex Staropoli mantém a tônica, como os backings. Particularmente é uma das minhas musicas favoritas, não só do álbum, como de toda a banda, pois mescla de forma muito competente todos os elementos sem perder peso ou velocidade quando aplicadas, muito graças pelo virtuosismo nos solos de Turilli. Depois desse petardo épico, vem "Rage of Winter", canção mais melódica, com maior presença da guitarra no protagonismo da canção, mantendo a linha épica e a forte presença dos teclados, essa faixa apresenta outra característica marcante da banda, que são o solos longos, tanto de guitarra como dos teclados, tal característica é um dos fatores que fazem muita gente torcer um pouco o nariz para a banda. A quarta faixa, "Forest of Unicorns" é a primeira "balada" do álbum, outra característica que a banda vai levar para os trabalhos seguintes é sempre ter uma música mais lenta, de ar meio dramático, melancólico que o Fabio Lione sabe imprimir essa lado em seus vocais muito bem. Para quem não sabe, Lione é tenor de ópera e essa formação explica muito da sua versatilidade e qualidade, depois vem a mais acelerada "Flames of Revenge", mas que mantém o ar melancólico da faixa anterior, com as caracerísticas citadas em faixas anteriores, então você nessa altura você meio que prevê como vai ser a dinâmica do álbum até o final, ou seja, se você não curte, vai desligar, se curte, quer ouvir até o final e talvez mais uma e outra vez. 

Na segunda metade do álbum, vem a instrumental "Virgin Skyes", para dar passagem a um dos clássicos da banda, Land of Immortals, começando com um riff bem legal, que dá uma agitada no ouvinte, o trabalho de bateria e bumbos mantém a pegada, é aquela canção de fácil absorção, que inclusive foi um dos EPs da banda antes do lançamento desse álbum. Ela é completa, tem partes agitadas, partes mais melódicas, solos de guitarra, de teclado, forte influência de música clássica, excelente linha de baixo, facilmente pode ser colocada na cartilha do Power Metal Sinfônico. A antepenúltima faixa, "Echoes of Tragedy" é a segunda "balada" do álbum, um voz e piano com forte apego dramático, retrata um momento tenso da história, no refrão o coral mantém o ar arrastado da faixa.

A penúltima faixa é a mais acelerada do álbum, "Lord of Thunder" reforça o cuidado que a banda teve na sequencia das faixas, intercalando estilos, para dar a sensação de variância mesmo com a manutenção das características em praticamente todas as faixas. É uma faixa "Lado B" que gosto bastante também pela sua dinâmica e ter o "kit Rhapsody" nela. 


Encerrando esse trabalho, vem a faixa homônima do álbum, "Legendary Tales", que a princípio parece ser mais uma "balada" mas no refrão aparecem as guitarras e mudam a dinâmica, mas quando acaba o refrão volta para a condição anterior. Nessa faixa como em outras do álbum, nota-se a utilização de melodias de flautas em vários momentos, reforçando o ar épico medieval, como também os vocais de apoio. O álbum encerra em tom melancólico, em conssonancia com o momento da saga do Guerreiro do Gelo. 

Legendary Tales é um álbum que deixa claro o caminho que a banda irá seguir nos próximos álbuns, encontrando características marcantes nos trabalhos seguintes, obviamente há um processo evolutivo mas a raiz de Legendary Tales está lá. Apesar da produção de grande Sacha Paeth, temos que ter sempre em mente que é um "debut" e por esse motivo deve figurar como uma das referências de um estilo, consolidando o Symphonic Metal como mais um subgênero, consequência de um bom nível de produção com músicos extremamente competentes.



Luca Turilli - Guitarra
Alex Staropoli - Teclado
Daniele Carbonera - Bateria
Fabio Lione - Vocal
Sascha Paeth - Baixo

1 Ira Tenax
2 Warrior of Ice
3 Rage of the Winter
4 Forest of Unicorns
5 Flames of Revenge
6 Virgin Skies
7 Land of Immortals
8 Echoes of Tragedy
9 Lord of the Thunder
10 Legendary Tales


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