O repórter escalado para esta matéria acompanhou de perto a primeira fase da carreira do Salário Mínimo e é a respeito deste princípio que Chilna Lee disserta: "Bem; quem começou com o Salário Mínimo foi o Junior Muzilli, que teve a ideia de montar a banda. Cheguei depois. À princípio não era nada muito sério. Era mais para fazer um som, mesmo, mas, aos poucos foi ficando sério. Chegaram o Magoo no baixo e o Beá na bateria e começamos a fazer shows de verdade, lá por 1981. Começamos a tocar em tudo que era lugar, como você mesmo assistiu vários destes shows. Teatro Lira Paulistana, Teatro Idema, Madame Satã, Teatro Mambembe, Fofinho, Led Slay, enfim, todo o circuito que havia na época, que você conheceu bem. Foram muitos shows, que foram chamando a atenção do público, em especial, o feminino, que ia em grande quantidade. A gente tinha este carisma com o público feminino e, sabe como é; show com bastante mulher, a galera vai em peso e os nossos shows lotavam, o que ajudou muito, porque, você deve lembrar que, naquele tempo, a melhor divulgação era o boca-a-boca".
Realmente; eram tempos rudimentares e quem ia a algum show e curtia, contava aos amigos e assim, o público ia crescendo, show a show. China Lee segue recordando: "Tocamos em diversos locais e eventos. Até que em 1984, na extinta Praça do Rock (N.R.: Evento que ocorria mensalmente na Concha Acústica do Parque da Aclimação, na região central da Capital Paulista, organizado pelo músico Darlan Jr.), o Luis Carlos Calanca (N.R.:proprietário da loja e gravadora Baratos & Afins) gostou do nosso show. Dali nasceu a ideia do que tornou-se o "SP Metal I", onde nós entramos com duas músicas, "Cabeça Metal" e "Delírio Interestelar", que projetaram o Salário ainda mais".
Em 1985, ocorre uma mudança que atingiu a formação, o som, o visual e a produção da banda. A cozinha formada por Magoo e Beá foi substituída pelo baixista Thomaz Waldy e pelo baterista Nardes Lemme. Junior Muzilli recebe a parceria de um outro guitarrista, Arthur Crom. O som passou a tender ainda mais para o hard rock e o visual para o "glam".
O grupo seguiu em trajetória ascendente; a fama cresceu, o grupo começou a ser requisitado para programas radiofônicos e televisivos. Tamanha foi a exposição que, em 1986, China Lee recebeu um convite para protagonizar um comercial televisivo de uma popularíssima marca de xampú.
"Pois é! O sucesso que o Salário estava fazendo, proporcionou a nós, "peões" da Vila Maria, mas que tinham os show repletos de garotas, muitas oportunidades. Uma delas foi essa. Acho que chamava 'Heneé Maru', ou coisa assim. Eu tinha as imagens, mas perdi, uma pena", entristece-se o vocalista. Só que esta tristeza não durou quase nada. Nosso intrépido e solerte repórter, num exercício arqueológico digno de um Indiana Jones, chafurdou nos profundos e arenosos pântanos da internet e presenteou China Lee com o comercial do xampu "Maru Henna. Obvio; o Terreiro do Heavy Metal é conhecido pelo bom humor. Portanto", China Lee, nosso "hero of brazilian heavy metal"; tai o comercial, pra todo o mundo ver. China Lee completa: "O cachê foi legal".
Enfim; a fase áurea da carreira do Salário Mínimo havia eclodido desde SP Metal I e seguia para o alto e avante. A memória de China Lee segue afiada: "A Baratos & Afins percebeu o sucesso do grupo e planejava lançar um álbum nosso, mas estava lançando muitos grupos, como os nossos amigos d'A Chave do Sol, do Harppia, Platina e outros; gravadoras "majors", também demonstraram interesse e, dentre elas, a RCA, que contatou o Luis".
Luis Carlos Calanca mete o bedelho na entrevista: "O Salário estava indo bem e a RCA oferecia boas condições para os meninos. Não tinha porque segurar. Liberei na hora".
China Lee também tem suas recordações: "Realmente; as gravadoras começaram a se interessar e fazer suas propostas. A RCA procurou o Calanca e ele liberou a gente, mostrando que queria mesmo era ver o crescimento do que ele havia lançado. Então, assinamos com a RCA, que ofereceu condições bem legais de gravação e oferecia um projeto de promoção, com muito rádio e TV. Aparecemos muito na imprensa especializada e um pouco na "comum".
Em 1987, portanto, há 30 anos atrás, "Beijo Fatal" era lançado. Um bom álbum, com boas canções e uma produção boa para uma empresa que nunca havia trabalhado com música pesada antes, começou a fazer sucesso, com a faixa-título, "Jogos de Guerra", "Dama da Noite" e a regravação de "Rosa de Hiroshima", de mestre Vinicius de Moraes.
"O disco, segundo o relatório de vendas da RCA, vendeu 79.000 cópias, uma ótima vendagem para o primeiro álbum de uma banda", declara China Lee com humildade, mas o álbum teve relançamentos e continuou sendo vendido no decorrer dos anos. Por baixo, deve, hoje em dia, estar por volta de 140/150.000 cópias, o que garantiria ao grupo, no mínimo o Disco de Ouro, se o mundo fosse um lugar justo.
"O disco, segundo o relatório de vendas da RCA, vendeu 79.000 cópias, uma ótima vendagem para o primeiro álbum de uma banda", declara China Lee com humildade, mas o álbum teve relançamentos e continuou sendo vendido no decorrer dos anos. Por baixo, deve, hoje em dia, estar por volta de 140/150.000 cópias, o que garantiria ao grupo, no mínimo o Disco de Ouro, se o mundo fosse um lugar justo.
Acontece que, para ampliar ou manter o sucesso obtido é necessário que uma banda mantenha-se lançando álbuns, o que, infelizmente, não é o caso do Salário Mínimo. "O Salário é, realmente, uma banda de pouquíssimos discos, mas, os poucos que fizemos, fizemos o melhor qhe pudemos, daí vem uma parte de nosso sucesso, mas a nossa força, na verdade, vive nos shows", declara o cantor.
Em 1990, Junior Muzilli deixa o grupo. "Foi um baque! Continuamos por algum tempo como quarteto, mas, infelizmente, com o passar do tempo, decidimos encerrar as atividades do Salário. Não havia mais estímulo para continuar. Eu havia conhecido o Micka (N.R.: Ricardo Michaelis, ex-guitarrista do Santuário), que é um grande guitarrista e compositor e, como estavamos interessados em fazer um som similar, montamos o Extravaganza, que tinha um som mais puxado para o hard rock e, até mesmo para o AOR, sabe? Era um som que realmente nos agradava e trabalhamos duro por esta banda, fizemos muitos shows e lançamos um disco, "O Prazer é Seu", que, infelizmente acabou nao tendo o sucesso que nós esperavamos. Por fim, a banda acabou, mas restaram boas lembranças".
Com o fim do século XX o vocalista, que sempre ouvia insistentes pedidos do público pela volta da banda, começou a acalentar esta ideia. Tal objetivo foi atingido em 2004. "Juntei-me ao guitarrista Kenzo Shimabukulo e outros bons músicos e retomei a carreira do Salário Mínimo. Contamos com grandes músicos, como Marcelo Ladwig (bateria) e, depois, o Junior Muzilli voltou, estando conosco até hoje, junto com o guitarrista Daniel Beretta, o baixista Diego Lessa e o baterista Marcelo Campos, que substituiu Ladwig. Começamos a tocar em festivais do nível do Roça'n'Roll (Varginha/MG), A Quaresmada (Brasília/DF) e o Super Peso Brasil, por exemplo.
Em 2010 lançamos o álbum "Simplesmente Rock", que mostra o som do Salário de hoje (o repórter que vos escreve destaca a canção "Fatos Reais" deste álbum, mas o mesmo é todo bom). Em nossa carreira tivemos a honra de abrir shows para o Uriah Heep, o Scorpions, o Twisted Sister e o The Rods (banda de Dave Feinstein, primo de Dio) e aprendemos muito com estas oportunidades. Continuamos a fazer um bom número de shows por mês e pretendemos realizar o pedido dos fãs de lançar um novo álbum.
Nós, do Terreiro, também aguardamos este novo álbum ansiosamente.
Agradecemos à China Lee pelo bate-papo e homenageamos, com esta singela matéria a este cantor, de 52 anos de idade, pai da pequena Manuela, chamado China Lee e a este monstro sagrado do rock brasileiro chamado Salário Mínimo, pelos 40 anos dedicados ao Rock.
Desculpem pelos erros de digitação. A idade começa a pesar.
ResponderExcluirDesculpem pelos erros de digitação. A idade começa a pesar.
ResponderExcluirParabéns Junão, matéria fodida! Parabéns ao Terreiro! Sobre o Salário, dispensa-se comentários; monstro da boa música brasileira!
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